Carlos Eduardo e Alice estão
casados há seis meses. Visualmente não tem como negar, formam um casal lindo.
Ela é um digno fruto da Bahia. Uma lindíssima morena jambo, de cabelos
cacheados, lábios grossos, pernas firmes, sorriso cativante e gingado de trio
elétrico. Poderia emprestar sua beleza para campanhas publicitárias da Jequiti
tranquilamente. Carlos Eduardo também não fica atrás, descendente de Húngaros
por parte de pai e de Poloneses por parte de mãe possui uma beleza exótica, por
ser alto, magro sardento, de cabelos curtos personalidade forte e ranzinza é
uma espécie de mini craque do Hitler.
Enquanto Alice, que terminara de
chegar do trabalho e tomava uma ducha para aliviar, Carlos Eduardo está no
sofá, sorrateiramente fuçando no celular da esposa, que pega-o no flagra, ao
sair do banheiro de supetão. Alice, até tenta esboçar meia dúzia de palavras,
mas não consegue.
-Achou algooooooooooooo....
Carlos Eduardo interrompe a
esposa, levantando do sofá de maneira brusca e partindo para cima de Alice.
-Muuuuuuuuuuuito bonito Dona
Alice! Confiança não é coisa que se compre, que se empreste nem ao menos se
alugue, sabia? Não adianta colocar a disposição do outro uma quantidade
infindável de amor compreensivo que no segundo dia de trabalho tudo é posto
abaixo, não é mesmo?
-Do que você está falando Carlos
Eduardo – Alice entra no quarto do casal.
-Da trama da nova novela das
nove! Ah faça-me o favor? Agora vai dar uma de desentendida? Não sabe do que eu
to falando? Não faz a mínima idéia da inconseqüência que fez, agora fica ai com
essa cara de bolacha de personagem de livro do Nelson Rodrigues!
-Você bebeu – Alice senta na
cama.
-Bebi do veneno que você e seu
amante plantaram em nosso casamento! Bebi da ruína da mentira! Bebi do
sentimento amargo que um homem traído sente ao descobrir que a mentira dorme ao
lado dele na cama. Bebi ódio de ver meu amor não ser levado a sério!
-Onde você está querendo chegar –
Alice desenrola a toalha do corpo e fica nua.
-Não sei onde eu estou com a
cabeça que não pego aquele revolver que está no criado mudo e não acabo logo
com essa vergonha. Com essa hipocrisia.
-O que foi que você disse – Alice
levanta da cama, nua em pêlo, encara o marido, numa pose digna de capa de
playboy.
-Paulo Antônio! Que diabo é Paulo
Antônio? Trabalha com você no escritório? Conheceu na rua, no bar, amigo de
suas amigas? Quem é Paulo Antônio, posso saber!
-Meu Deus – Alice começa a rir
desesperada, abre o guarda roupa e começa a vestir uma calcinha fio dental.
-Não adianta rir! Eu sei de tudo,
tá aqui ó! “Te espero no mesmo lugar de sempre, beijo minha diva!”
-Paulo Antônio é meu pai, você se
esqueceu – Carlos Eduardo fica boquiaberto. Alice decidida desfila pela casa e vai
até o banheiro, com Carlos Eduardo no seu encalço. Sem dó nem piedade Alice
fecha a porta do banheiro na cara Carlos Eduardo.
-AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAi – Carlos
Eduardo urra!
-Isso é raiva amor?
-Não! É tesão!
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