Era apenas mais um final de tarde na beira da praia como outro qualquer. As crianças corriam de um lado para o outro, os adolescentes empinavam pipas e bundas e eu, como de praxe, derrubava latinhas quando “ELA” surgiu no canto da orla.
Quando digo “ELA”, é porque não sou capaz de encontrar melhor definição “praquilo” que meus olhos viam. Era bem provável que fosse do sexo feminino (de Júpiter, talvez), pelo par de jacas que carregava no peito.
“ELA” não tinha começo, meio ou fim. Era tudo emendado feito um filtro d’água de barro. Minha dúvida era se aquilo que ela vestia era um biquíni ou uma barraca de camping. Tentei com todas as forças, mas era impossível olhar por mais de dez segundos e não pensar em suicídio. Até o Sol quis se por, mas por força de contrato com o hômi lá de cima, teve que presenciá-la entrando no mar.
Crianças gritavam assustadas com aquela Pepa Pig From Hell. Golfinhos que faziam malabarismos para turistas bateram em retirada e os salva-vidas se enterraram na areia.
“Vai voltar pro mar, oferenda?!” – Gritou um menino que vendia sorvete.
“É a sogra no Namor!” – Cochichou uma menina que vendia milho.
“Será que se reproduz em cativeiro?” – Comentou um tiozão que aluga cadeiras.
E “ELA” nada. Impávido colosso, por mais de horas se banhou em águas calmas e solitárias.
Quando se deu por satisfeita, cobriu-se com uma toalha, que mais parecia uma lona de caminhão e foi-se embora.
Tentei mas não consegui. Resisti até onde pude, mas era mais forte que eu. Saquei meu celular e acabei tirando uma foto de seu rastro na areia e acabei postando no Instagram com legendas em Negrito. “Acabo de encontrar pegadas de Tiranossauro Rex em areias Catarinenses........”