A espaçonave pousou no quintal de Seu Juvêncio exatamente as duas e meia da manhã. O efeito pirotécnico de luzes, fumaça e sons muito semelhante a um show de rock foi tanto, que de imediato os cachorros incumbiram-se de acordar a família. O velho Juvêncio, Dona Etelvina e os dois filhos, acenderam as luzes da casa imediatamente, e com expressões que misturavam medo, pavor e curiosidade não resistiram a apreciar com um certo orgulho a ilustre visita intergaláctica no meio do milharal.
A princípio não conseguiram identificar o que era aquele negócio enorme estacionado em meio à plantação. De imediato aquele mostrengo inusitado soou feito uma mistura incomum de uma Colheitadeira Massey Ferguson Importada com uma Panela de Pressão de Itú. Mas depois de analisar com um pouco mais de calma, chegaram à conclusão que aquele negócio parado defronte a casa dos Lima e Silva era de outro planeta. E sendo de outro planeta, ele não possuía lá muito boa fama pelos lados do Norte do Paraná.
Mesmo sem querer. Com um medo imenso e tremendo mais do que no dia do casamento, Seu Juvêncio, homem de pouca conversa e muita ação, não enxergou outra alternativa a não ser encarar aqueles invasores de igual pra igual, de homem pra homem, de ser humano para alienígena. Afinal, havia toda uma expectativa por parte de sua família. Todos, desde sua mulher passando pelos filhos até o cachorro de estimação esperavam uma atitude do líder da casa, e não poderia ser outra a não ser encarar o inimigo.
Com um pequeno trabuco na mão direita, um terço na mão esquerda e uma tremedeira infeliz em ambas as pernas, Seu Juvêncio não tinha outra escolha a não ser ficar estático defronte a porta da espaçonave. Os filhos mais a mulher pareciam uma torcida organizada de time de futebol paulista, pois gritavam de maneira ensandecida tentando empurrar o chefe da família rumo ao ataque.
-Vai lá pai, bate na porta desse negócio!
-O meu velho, mostra pra esse povo quem manda nessas terras!
E dando uma de dono do pedaço, Seu Juvêncio resolveu intimidar os invasores na base do grito e dando um tiro para o alto resolveu mostrar logo quem é que mandava ali.
-Seja lá quem for que estiver dentro desse trem, trate de ir saindo logo que essa propriedade tem dono!
A porta da espaçonave abriu, e do meio de um cem número de luzes e raios pirotécnicos, dois enormes alienígenas verdes surgiram para o desespero do velho Juvêncio que a essa altura não sabia se corria pro meio do milharal ou para dentro de casa, quer dizer para dentro de sua casa era impossível, afinal o que iriam pensar as crianças mais Dona Etelvina. Em meio ao desespero e a possibilidade da morte o levar para outro estágio da vida, o velho Juvêncio não pestanejou e abriu logo o jogo com os intrusos intergalácticos.
-Oh Meu Deus! Alienígenas Espaciais! Por Favor, não me comam! Eu tenho mulher e filhos! Comam eles primeiro!
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