sábado, 10 de março de 2012

Amanhã na Revista Rpc






Ter a oportunidade de contracenar com alguém que você sempre admirou é algo difícil de mensurar. Posso fuçar no Aurélio por um dia inteiro procurando uma centena de definições mas nenhuma delas vai exprimir o real e verdadeiro sentido da palavra “Realização”.

O Dedé é a prova viva da longevidade do profissional competente dentro da profissão. Fato raro nos dias de hoje já que vivemos numa era onde os “15 minutos” de fama do Andy Wharol é coisa do passado. A qualidade do trabalho pouco importa. O que realmente faz sentido é o número de visualizações. Uma espécie de Ibope maquiado com requintes de crueldade on line.  Os “artistas” da era virtual, aqueles que fazem de tudo para seu vídeo de 2 minutos ser acessado aos milhões na velocidade da luz do dia pra noite são na verdade um amontoado de clones de alguma coisa que nem eles sabem ao certo. E assim as novas estrelas do Teatro de Vedetes do Youtube encontram a saída para o fim do anonimato tornando-se pseudo-celebridades de conteúdo tão ralo que já nascem com a data de validade vencida revertendo à velocidade em que foram expostos em ostracismo.

Dividir a cena com um gigante igual o Dedé Santana foi antes de tudo um desses raros privilégios que a profissão proporciona pois é impossível esquecer da noite pro dia que ele além de fazer parte da minha infância quase que completa sempre foi o que carregou o fardo mais pesado do sucesso. O cara simplesmente era o escada do Didi, do Mussum e do Zacarias. Ou seja, só trabalhou com gênios. E o que é pior, se a piada não funcionasse não seria por falta de capacidade dos três e sim de um erro na estrutura da preparação feita sempre de maneira impecável por ele. É obvio, que quando você é um moleque de nove, dez anos você não tem consciência do que é escada, o que é preparação, piada. Você quer rir e pronto e acabou. Mas, com o tempo vai percebendo que gigante realmente é aquele que abdica do seu para que o outro apareça. E isso são poucos os que possuem a capacidade de fazer. Por que além de ser uma espécie de altruísmo artístico, são raros os que têm a maestria necessária para fazer um levantamento perfeito que sendo assim será seguido do corte e do ponto .

Durante as gravações, em uma das oportunidades que tive de ficar a sós com ele enquanto a equipe acertava a luz revelei a honra de poder contracenar com alguém que admirava muito. Ele deu uma risada, me abraçou e disse: “Você é um cara de sorte. Não tive a mesma chance. Chaplin se foi antes do combinado!”

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