Duas horas da madrugada e o ônibus
parou. As luzes ascenderam e um Policial começou a desfilar pelo corredor com
os olhos a procurar algo que nem ele sabia ao certo o que era.
-Quem é o proprietário de uma bolsa
preta que tem um cadeado com um adesivo escrito Lúcia? – Perguntou o oficial da
lei.
Silêncio absoluto.
-Vou repetir só mais uma vez. De quem
é uma bolsa preta que tem um cadeado com um adesivo escrito Lúcia?
O silêncio continuou. Após perceberem
que o Policial havia deixado o ônibus Paulo cutucou Lúcia, sua esposa.
-A descrição que ele fez não é
estranha?
-Não!
-Porque não disse que a mochila era
sua?
-Porque ela não é minha, é da minha
irmã, peguei emprestada!
-Você entendeu o que eu disse!
-Entendi, mas faço questão de não
compreender!
-Por que você não deu uma satisfação
para o oficial?
-Não dou satisfação nem para a minha
mãe, vou dar para um estranho? Capaz!
O policial volta ao corredor do
ônibus, desta vez com a bolsa em mãos e intima.
-De quem é essa bolsa?
Paulo cutuca Lúcia e cochicha.
-Não vai abrir a boca?
-Com o bafo que estou se abrir a boca
não fica uma alma viva nesse lugar!
-Eu tentei pela via do diálogo, mas já
que está difícil, vamos partir para a ignorância!
O policial pega uma faca enorme,
gigantesca, e corta o fundo da mala fazendo cair no chão três vibradores. Paulo
ao ver o tamanho dos instrumentos se descontrola e intima Lúcia em alto e bom
som.
-Em nenhum momento vi você comprando
vibradores no Paraguai, Lúcia?
-Se fosse só isso que você não tivesse
visto meu bem...
-Eles são da senhora? – Intima o
Policial
-Todos os três, meu querido!
Os passageiros, que até então, só
assistiam, resolvem participar.
-Eita que ela é fominha!
-Tiazinha é insaciável!
-P, M e G . Faltou um exta- G pra
completar o time.
Paulo se levanta e sai do ônibus
indignado. Lúcia levanta e grita com o marido.
-Aonde você vai Paulo Augusto?
-Pra mim deu! –Responde o marido.
Paulo sae do ônibus, Lúcia permanece
estática no acento e o Policial vem em sua direção. Para ao seu lado, se
aproxima de seu ouvido e balbucia.
-Por um acaso a senhora não tem
interesse de vender um deles para mim?
-Não posso. Acho que de agora em
diante terei que usá-los com um pouco mais de frequência!
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