segunda-feira, 11 de maio de 2015

Vibrações na Mochila



Duas horas da madrugada e o ônibus parou. As luzes ascenderam e um Policial começou a desfilar pelo corredor com os olhos a procurar algo que nem ele sabia ao certo o que era.

-Quem é o proprietário de uma bolsa preta que tem um cadeado com um adesivo escrito Lúcia? – Perguntou o oficial da lei.

Silêncio absoluto.

-Vou repetir só mais uma vez. De quem é uma bolsa preta que tem um cadeado com um adesivo escrito Lúcia?

O silêncio continuou. Após perceberem que o Policial havia deixado o ônibus Paulo cutucou Lúcia, sua esposa.

-A descrição que ele fez não é estranha?

-Não!

-Porque não disse que a mochila era sua?

-Porque ela não é minha, é da minha irmã, peguei emprestada!

-Você entendeu o que eu disse!

-Entendi, mas faço questão de não compreender!

-Por que você não deu uma satisfação para o oficial?

-Não dou satisfação nem para a minha mãe, vou dar para um estranho? Capaz!

O policial volta ao corredor do ônibus, desta vez com a bolsa em mãos e intima.

-De quem é essa bolsa?

Paulo cutuca Lúcia e cochicha.

-Não vai abrir a boca?

-Com o bafo que estou se abrir a boca não fica uma alma viva nesse lugar!

-Eu tentei pela via do diálogo, mas já que está difícil, vamos partir para a ignorância!

O policial pega uma faca enorme, gigantesca, e corta o fundo da mala fazendo cair no chão três vibradores. Paulo ao ver o tamanho dos instrumentos se descontrola e intima Lúcia em alto e bom som.

-Em nenhum momento vi você comprando vibradores no Paraguai, Lúcia?

-Se fosse só isso que você não tivesse visto meu bem...

-Eles são da senhora? – Intima o Policial

-Todos os três, meu querido!

Os passageiros, que até então, só assistiam, resolvem participar.

-Eita que ela é fominha!

-Tiazinha é insaciável!

-P, M e G . Faltou um exta- G pra completar o time.

Paulo se levanta e sai do ônibus indignado. Lúcia levanta e grita com o marido.

-Aonde você vai Paulo Augusto?

-Pra mim deu! –Responde o marido.


Paulo sae do ônibus, Lúcia permanece estática no acento e o Policial vem em sua direção. Para ao seu lado, se aproxima de seu ouvido e balbucia.

-Por um acaso a senhora não tem interesse de vender um deles para mim?


-Não posso. Acho que de agora em diante terei que usá-los com um pouco mais de frequência!

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