A Sogra da Discórdia

Zapeando pelos canais de televisão em plena tarde chuvosa de um feriado mais sem graça que almoço sem carne, do nada me espanto ao dar de cara com uma frase proferida por uma das mais Gabaritadas Delegadas de Polícia do Estado:

“- Se não tem testemunha, não há crime!”

Confesso que em outros tempos, me daria ao luxo de ficar chocado ao ouvir uma declaração tão furada quanto orçamento de Pedreiro, porém, após ter sobrevivido a uma traumatizante experiência de conviver por não mais que seis meses sob o mesmo teto que minha Ex-Sogra, não me envergonho em admitir que às vezes desejar o mau ao próximo assim como pagar a Prestação da Casa Própria em dia não é algo tão impossível de acontecer.

Minha Ex-Sogra, que Deus a tenha em uma Prisão de Segurança Máxima, não era uma má pessoa. Simplesmente possuía um gênio mais ruim que a raiz do próprio cabelo. Ou como fazia questão de frisar sua filha, em momentos de acalorada discussão familiar:

“- Isso não é mãe! É o resultado de uma dose de Uísque misturada com gás lacrimogêneo num fim de baile em plena Segunda-Feira de Carnaval!”

O pior é que tem muita gente que por incrível que pareça ainda tem dúvidas quanto à existência de tão afamado personagem histórico. Dias atrás peguei um de meus melhores amigos (solteiro, obviamente), cometendo uma calúnia tamanho família:

“-Dúvido que na idade média existia Sogra, essa frescura de parentes é coisa da civilização moderna.”

Sorte minha que meu pai estava junto e retrucou de imediato:

“Estou pra dizer pra você que até os Dinossauros tinham Sogra! Ou você acha que aquela raiva toda não possuía um motivo?”