Tem Um Decepticon Na Minha Casa

Deoclides está viajando há exatas duas semanas. Vendedor autônomo do ramo de Auto Peças, está a mais de quinhentos kilômetros de casa, dos amigos, do cachorro que numa luta com um gato ninja ficou cego de um olho e de sua namorada Suzana, que ao contrário do cão, é uma gata de curvas fartas.

Deoclides acaba de entrar no carro, após uma negociação mais chata que a Saga do Crepúsculo, quando o telefone toca. É Suzana, atônita do outro lado da linha.

          - Deoclides, meu ferro de passar roupa está me encarando!

Sem entender direito o que ouviu o vendedor exita.

          - O que?

          - É sério, ele não tira os olhos de mim. Estou me sentindo mais observada que um B.B.B.

O Tom de voz de Suzana se eleva.

          - Acho que ele está com sede. Parece um flagelado da seca!

Deoclides ameaça uma crise de riso. Respira fundo, olha a Playboy da garota Abacaxi no banco do passageiro e resolve entrar no jogo.

          - Querida. Porque você não dá água para ele?

         - Será que é água que ele quer? Fiquei em dúvida agora. Está me olhando com um ar meio Danny de Vito sabe?

A explosão de risos de Deoclides parece ser inevitável.

          - Amor, dá um afrodisíaco para esse pobre coitado!

Silêncio.

Deoclides ri baixinho, enquanto do outro lado da linha o nada se faz presente. Segundos se passam e uma saraivada de gemidos surgem em alto volume fazendo o até então risonho vendedor de auto peças demonstrar apreensão em seu semblante.

         - Suzana, você está ai?

Nada. Só gemidos de prazer saltam ao telefone.

         - Suzana fala comigo, o que está acontecendo?

Silêncio sepulcral do outro lado da linha.

         - Suzana, cadê você?

Uma Suzana de voz sexy e aveludada surge do silêncio.

         - Oi amor, me chamou?

         - Cadê o ferro de passar roupa, o  que esse miserável está fazendo ai, agora?

         - Fumando um cigarro!