domingo, 3 de abril de 2011

Kamikase Chapado De Pomada Minancora

O prazer de pilotar um carrinho de rolimã em alta velocidade é algo tão indescritível quanto o semblante do médico segundos antes do exame de próstata


Não sou tão velho quanto a Espuma de Barbear Prestobarba nem tão novo quanto o criador do Facebook.  Mas, posso afirmar sem medo que no auge da minha infância macetei por mais de uma vez meu dedão da mão esquerda com golpes de martelo tão sem direção quanto à equipe econômica da Dilma.

 A vantagem de ser criado na periferia é que a pobreza aguça a criatividade. Afirmar isso depois de velho é mais fácil que arrancar o dente do siso sem anestesia. Duro mesmo era roubar rolimãs do ferro velho, tábuas do vizinho e pregos do avô para construir um carrinho de rolimã mais manco que o Lars Grael.

Eu parecia um Kamikase chapado de Pomada Minancora ao encarar a Ladeira do Diabo (uma descida gigantesca de mais ou menos duas quadras que ficava quase em frente minha casa). Confesso que por mais de uma vez me senti o Nelson Piquet em cima daquele protótipo de Fórmula 1 desenvolvido no quintal de casa. E como todo bom Bernie Ecclestone que se preze sonhava em ganhar algum com meu invento e me divertir. E como me divertia. Principalmente quando espatifava minha tábua de madeira cheia de cupim no alambrado da Escola do bairro que servia como ponto final do trajeto.

A escola do bairro chamava-se Júlio Savieto onde pela primeira vez na vida tomei Toddy de canequinha com bolacha de mel. Para quem estava acostumado a tomar café preto com pão com margarina todo santo dia aquilo era algo de outro planeta, o verdadeiro néctar dos Deuses. Dia de Toddy com bolacha as crianças pareciam abelhas, repetiam aquela guloseima tantas vezes quantas fosse permitido. Uma vez exagerei tanto na dose que acabei pagando o alto preço da gula passando uma tarde inteira no banheiro da casa da minha Avó lutando contra verdadeiras tsunamis gastrointestinais que transformavam o vaso numa sauna de tanto que o suor escorria.

Mas voltando aos carrinhos de rolimãs.  Lembro que muito antes do Tobey Maguire sequer imaginar como fazer a cena do Aranha estatelado na parede de um prédio no primeiro Homem Aranha. Funoca, vizinho da rua, não só encarou o alambrado de frente e voltou para casa sem um arranhão sequer como conseguiu a façanha de permanecer por alguns segundos no ar. Digo. Dependurado no Alambrado. Ou melhor, em completo estado de choque com os braços mais abertos que o Cristo Redentor naquela fração de segundos que separa o impacto do choque e a queda.

Lembro que na época a maior curiosidade do Funoca era saber qual a medida de cada quadra da rua para dividirmos pelo tempo gasto pelo carrinho e chegar à velocidade alcançada no percurso. Como vêem matemática nunca foi o forte da turma da Vila Nova.

Pensando bem não sei se tenho mais orgulho do meu carrinho de rolimã ou de ter sido o mentor do apelido do Funoca. Uma mistura de Tubaina FUNADA (que ele bebia feito um condenado), com FOCA. Por sua aparência um tanto quanto Aquática. Mesmo sem o pobre coitado nunca ter nadado na vida.

8 comentários:

  1. Rachei de rir. Falando nisso faz tempo que não tomo TUBAINA deu saudades hehehehe Beijão Fernandinho

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  2. Carrinho de Rolimã é crássico.

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  3. Pobreza aguça a criatividade. Concordo com você, mandou bem.

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  4. Não sabe o que está perdendo Helena, a nova geração das TUBAINAS são muito mais gaseificadas ..ashaushaus
    abração

    Falar em CRÁSSICO ontem só de Palestra hein Fredão! ahsausaus
    abração

    Pobreza não só aguça a criatividade como se multiplica na velocidade da luz! ashasuahs
    abraço Lucas

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  5. Sou mais velho... Eu tinha skate de rolimã... E descia a ladeira do... CRISTO!!!

    Abraços;

    Gil Vasconcellos (Pedrão)

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  6. E ele aguentava Gil?
    ahsuahsa
    abração meu velho!! SAÚDE!!

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  7. Ri muito Fernando. Parabéns querido, cada vez melhor. Beijos e Sucesso!

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