segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

O desejo da maioria das pessoas é morrer dormindo. Alguém deveria avisar isso aos proprietários de carros de som.

Oito horas da manhã de sábado não é humanamente concebível que o cidadão passe em frente de sua casa com uma Kombi equipada com um sistema de som digno do palco principal do Rock in Rio ligado no ultimo volume fazendo propaganda de cerveja. Quer dizer, tratando-se de Kaiser, nem cerveja é.

Pior que depois do carro de som do mercado vem o da loja de sapatos, seguido do tiozinho do Ovo que a reboque trás o caminhão de gás e sua inconfundível melodia tão sutil e delicada quanto uma cesariana sem anestesia.

O ruído emitido pelas caixas de som desses veículos na maioria das vezes consegue ser mais estridente que a comemoração de Gol da minha prima.

Um dia vou seguir um desses abençoados até sua casa para no dia seguinte às cinco da manhã acordar ele e sua família com lindas palavras de ordem como: Na terra do Senhor não existe satanás! Xô Satanás! Xô satanás! Saindo de um mega-fone de Itú!

O pior é que esse tipo de Marketing automobilístico me persegue. Esses dias me apresentei numa cidade pequena. Mas a cidade era tão pequena que uma Saveiro ao mesmo tempo que divulgava as ofertas de um Posto de Gasolina tinha sua carroceria ocupada por um animado marmanjo vestido de Carmen Miranda comandando uma multidão de cinco figuras numa espécie de parada gay fora de época.

Olá Freguesia, está passando na sua rua o carro do sonho! Espera ai. Alguma coisa está errada. Um Corcel II em avançado estado de decomposição pilotado por um tiozinho banguela tocando Bee Gees num três em um da CCE colado com Durepox no capô não pode ser denominado “Carro do Sonho” . Pesadelo? Talvez! Para ser sincero acho que nem de carro dá para chamá-lo.

Não sei o que me deixa mais deprimido. A trilha sonora que rola entre os anúncios dos carros de som ou a seleção musical que meu vizinho ouve quando lava seu Monza.

Esses dias ele estava ouvindo covers do Exaltasamba executadas por um grupo de flautistas Bolivianos. Juro que por alguns segundos me passou pela cabeça a possibilidade de seqüestrar um ente querido de sua família. Cidinha, uma Calopsita Albina que por motivos óbvios transita vinte quatro horas pela casa equipada de gigantes fones de ouvido.

Nessas horas morar numa ilha deserta tem suas vantagens. O único som que se sobressai ao da natureza do lugar é o ruído de seu próprio assobio, ronco ou peido. Não necessariamente nessa ordem.

“O problema do mundo é que os sem noção são muito barulhentos ao contrário dos com noção que sequer possuem porte de arma”


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