quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Paulo Antônio

Carlos Eduardo e Alice estão casados há seis meses. Visualmente não tem como negar, formam um casal lindo. Ela é um digno fruto da Bahia. Uma lindíssima morena jambo, de cabelos cacheados, lábios grossos, pernas firmes, sorriso cativante e gingado de trio elétrico. Poderia emprestar sua beleza para campanhas publicitárias da Jequiti tranquilamente. Carlos Eduardo também não fica atrás, descendente de Húngaros por parte de pai e de Poloneses por parte de mãe possui uma beleza exótica, por ser alto, magro sardento, de cabelos curtos personalidade forte e ranzinza é uma espécie de mini craque do Hitler.
Enquanto Alice, que terminara de chegar do trabalho e tomava uma ducha para aliviar, Carlos Eduardo está no sofá, sorrateiramente fuçando no celular da esposa, que pega-o no flagra, ao sair do banheiro de supetão. Alice, até tenta esboçar meia dúzia de palavras, mas não consegue.

-Achou algooooooooooooo....

Carlos Eduardo interrompe a esposa, levantando do sofá de maneira brusca e partindo para cima de Alice.

-Muuuuuuuuuuuito bonito Dona Alice! Confiança não é coisa que se compre, que se empreste nem ao menos se alugue, sabia? Não adianta colocar a disposição do outro uma quantidade infindável de amor compreensivo que no segundo dia de trabalho tudo é posto abaixo, não é mesmo?

-Do que você está falando Carlos Eduardo – Alice entra no quarto do casal.

-Da trama da nova novela das nove! Ah faça-me o favor? Agora vai dar uma de desentendida? Não sabe do que eu to falando? Não faz a mínima idéia da inconseqüência que fez, agora fica ai com essa cara de bolacha de personagem de livro do Nelson Rodrigues!

-Você bebeu – Alice senta na cama.

-Bebi do veneno que você e seu amante plantaram em nosso casamento! Bebi da ruína da mentira! Bebi do sentimento amargo que um homem traído sente ao descobrir que a mentira dorme ao lado dele na cama. Bebi ódio de ver meu amor não ser levado a sério!

-Onde você está querendo chegar – Alice desenrola a toalha do corpo e fica nua.

-Não sei onde eu estou com a cabeça que não pego aquele revolver que está no criado mudo e não acabo logo com essa vergonha. Com essa hipocrisia.

-O que foi que você disse – Alice levanta da cama, nua em pêlo, encara o marido, numa pose digna de capa de playboy.

-Paulo Antônio! Que diabo é Paulo Antônio? Trabalha com você no escritório? Conheceu na rua, no bar, amigo de suas amigas? Quem é Paulo Antônio, posso saber!

-Meu Deus – Alice começa a rir desesperada, abre o guarda roupa e começa a vestir uma calcinha fio dental.

-Não adianta rir! Eu sei de tudo, tá aqui ó! “Te espero no mesmo lugar de sempre, beijo minha diva!”

-Paulo Antônio é meu pai, você se esqueceu – Carlos Eduardo fica boquiaberto. Alice decidida desfila pela casa e vai até o banheiro, com Carlos Eduardo no seu encalço. Sem dó nem piedade Alice fecha a porta do banheiro na cara Carlos Eduardo.

-AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAi – Carlos Eduardo urra!

-Isso é raiva amor?


-Não! É tesão!

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