O ônibus que
coleta sangue estacionou, como de costume, às 14:00horas em ponto, no local de
sempre. Dona Lúcia, que há mais de cinco anos, faz questão de semanalmente fazer
sua doação, dessa vez, trouxe a tira colo seu neto, Willian Anselmo, que por
força do destino, saiu, meio que forçado da frente do computador e do seu vicio
eterno por jogos on line. Não era exatamente só esse o motivo da cara
carrancuda e contrariada do adolescente, ele, ainda, muito a contra gosto, acabara
também de se alistar para o exército.
-Além
dos caras te furarem, te darem um pico, sacanearem a sua veia, vamos ter que
esperar na fila, Vó?
-Fala baixo Willian Anselmo, não está vendo que está todo mundo te olhando?
-É por causa do meu estilo!
-Estilo de mendigo. Todo rasgado, e com um par de pneus de trator nas orelhas. Esse piercing no teu nariz é tão grande que vai acabar te dando problema na coluna!
-Desencana Vó! Alá, olha só aquele tiozinho ali!
-Que é que tem?
-Está se achando. Quem olha assim, todo cheio de mala acha até que ele tem sangue azul!
A fila inteira olhou para o rapaz.
-Fala baixo. Que vergonha, todo mundo olhando pra gente!
-Aquele outro ali parecendo o Ney Matogrosso. Deve ter Sangue Latino!Aquele ali parece ser gente boa, deve ter sangue bom.
-E aquela tiazinha ali Vó! –Apontando.
-Para com isso Willian Anselmo, que coisa feia!
-Aquela ali deve ter sangue de barata!
Um cidadão enorme saiu do inicio da fila e a passos largos se aproximou do adolescente, encarou-o e num movimento rápido, com um dos punhos cerrados, o cover do Anderson Silva, lhe acertou um direito no meio da face.
-Que é isso mano, você está louco?!
-É que eu tenho sangue no zóio!
Nenhum comentário:
Postar um comentário