sábado, 26 de outubro de 2013

Herivelto


Também vou entrar pro ramo da biografia. Estava conversando com um amigo dono de livraria e com essa discussão toda que está havendo sobre o tema nunca se vendeu tanto. Até a biografia do Alexandre Frota está vendendo horrores. E olha que ela é incompleta já que algumas páginas vêm coladas.

Por falar nisso, estou acabando de ler a biografia do compositor Herivelto Martins. Eu sei o que você está pensado. Herivelto, com “H”? Pois é, um cidadão que chama Herivelto, com H, já nasce velho, já nasce aposentado, já nasce frequentando o bailão do rala toco.

Ele foi o responsável por transformar o apito em instrumento de samba. Sinônimo de criatividade? Não! Falta de recursos para comprar instrumentos mesmo. Antes de se tornar compositor Herivelto adorava viajar. Não, ele não foi maconheiro não, foi motorista de caminhão. A Influência de sua experiência na boléia foi tamanha que criou o samba de “breque”.

Teve quatro casamentos e oito filhos. Se existisse o bolsa família naquela época ele ia quebrar o governo. Herivelto foi um herói. Sobreviveu a pior das guerras. A conjugal. Afinal, o inimigo dormia ao lado.

Em 1935 conheceu Dalva de Oliveira e os dois foram para o palco fazer duetos, depois para o sofá fazer carinho e depois para a cama fazer...... Entre tantas coisas que fez com a Dalva, filho com nome de índio foi uma delas. Está ai o Pery Ribeiro que não me deixa mentir. Brincadeira. Pery não parece nome de índio, parece nome de bicicleta. “-Rapaz, eu e minha mulher resolvemos pedalar, comprei duas bikes. Pra mim comprei uma Pery e pra ela uma Ceci!”

Amigo, cá entre nós. Pery não é um nome, Pery é um bullying! Já imaginou esse coitado no primeiro dia de aula se apresentando em pé para sala inteira. “-Bom dia amiguinhos, meu nome é Pery!” Um dos pirralhos grita lá da turma do fundão. “-Como é seu nome, irmão?” “-Pery!” “- O Pery pega aqui!”

Com uma carreira extensa e fértil, a música de Herivelto Martins sobreviveu aos mais diversos contextos. O nacionalismo de Getúlio Vargas, o desenvolvimentismo de Juscelino Kubitschek, a abertura política da década de 80 e ao Programa da Xuxa.

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