Tenho inveja de pessoas que não
riem. Pessoas que mantém a seriedade o tempo inteiro, que permanecem
inalteradas e mesmo diante de uma cena engraçadíssima conseguem compreender uma
razão para aquilo que não o riso. O nome designado para essa pessoa é chata!
Fiscal, investigador, oficial,
mestre, doutor não são relez mortais. São seres iluminados de uma energia
universal que os impossibilita de sorrir. Essa energia é tão universal que
muitos deles não são desse planeta.
Parece que primeira coisa que a
pessoa faz ao se formar “Doutor em alguma coisa” é tirar o sorriso do rosto.
Deve ser um pré-requisito, uma norma. E deve vir bem especificada, diga-se de
passagem: “Depois de alcançar tamanho feito, deverás manter sempre à vista uma
cara blasé, um olhar de quem realmente sofreu para chegar até aqui”. Parece que
o que foi alcançado não é uma conquista é um fardo. E ficam todos iguais.
Parece que todo aquele que possui um cargo superior tem uma cara de quem está
com dor na vesícula.
Se um belo sorriso abre portas, a
falta dele pode fazer você perder um belo de um tempo apertando a campainha.
Mas, também, não é todo rosto que um belo sorriso combina. É só olhar para tua
sogra para entender o que estou falando.
Um tipo “sérião”, que não ri de
nada, que não consegue achar nada engraçado, que mesmo sem usar aparelho nos
dentes já está com o sorriso enferrujado se por um acaso do destino sofrer uma
crise de risos morre. Morre de desgosto por ter perdido o controle do
organismo.
Algumas pessoas nasceram com um
único intuito na vida: Serem sérias! Definitivamente elas não estão aqui a
passeio. Já saíram da placenta indagando o porquê, para que, qual o sentido da
vida, porque cesariana e não parto normal?!
Mas, contudo, às vezes, é melhor
não sorrir do que fazê-lo de maneira falsa. Monges são assim. Não todos claro,
os dois que conheço pelo menos. Eles alegam que agem dessa forma porque possuem
o controle do eu interior, e que eu não o faço porque ainda não me encontrei.
Encontrar-me? Se minha mãe diz que um de mim já vale por um milhão de idiotas, imagine dois? Dá pra conquistar o
mundo!
Não vou dizer que não tentei. Um
dia, para tentar encontrar comigo e sentir uma paz interior permaneci estático
sentado sobre minhas pernas encarando uma parede branca por quarenta e cinco
minutos. Sabe o que senti? Dor, muita dor!
Não nasci para ser monge, assim
como não nasci para sorrir o tempo inteiro. Você há de convir comigo que não dá
para viver em completa harmonia com o mundo quando falta açúcar na limonada.
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